terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

PACIENTES COM DIABETES TIPO 1 PRECISAM VERIFICAR CETONAS MAIS FREQÜENTEMENTE, DIZ ESTUDO

Muitas pessoas com diabetes tipo 1 não verificam freqüentemente o acúmulo de cetonas, ácidos que podem causar sérios danos aos rins e outros órgãos, de acordo com um estudo americano.
Monitoração de cetona é particularmente importante quando os pacientes com diabetes tipo 1 estão doentes ou têm consistentemente altos níveis de glicose, escreveram os autores em Diabetes Care.
“Cetonas ocorrem quando o corpo queima gordura em vez de usar carboidratos para combustível”, disse a autora principal Anastasia Albanese-O’Neill à Reuters Health por e-mail.
“Se os níveis elevados de glicose e cetonas não forem tratados, há um risco aumentado para uma condição que ameaça a vida chamada cetoacidose diabética, que requer hospitalização”, disse Albanese-O’Neill, pesquisadora de pediatria da Universidade da Flórida, em Gainesville.
Níveis de cetona perigosamente elevados podem acontecer a qualquer pessoa com diabetes, embora o problema seja raro em pessoas com tipo 2, de acordo com a American Diabetes Association.
Pessoas com diabetes tipo 1 perderam a capacidade de produzir insulina, portanto, as cetonas podem ocorrer quando as doses de insulina são perdidas, ou quando os requerimentos de insulina do corpo aumentam devido ao estresse ou doença, disse ela.
“Monitoramento de cetonas como recomendado permite a detecção precoce e tratamento. Os suprimentos de teste de cetona estão disponíveis sem receita médica em uma farmácia local e online”, disse Albanese-O’Neill.
Cerca de 5 por cento das pessoas com diabetes têm o tipo 1, de acordo com a American Diabetes Association.
Diabetes tipo 1 é mais comumente diagnosticado em crianças jovens, e por esse motivo costumava ser chamado de diabetes juvenil. Mas a doença não desaparece, e também pode ser diagnosticada pela primeira vez na idade adulta. Enquanto as crianças geralmente têm cuidadores para ajudá-los a gerenciar a doença, os adultos geralmente precisam gerenciá-lo por si mesmos.
Parte dessa gestão é testar regularmente a urina ou sangue para níveis elevados de cetonas. Para ver o quão bem os pacientes acompanham este requisito, os pesquisadores examinaram dados de cerca de 3.000 pessoas que responderam a um questionário online
Estavam incluídos entre os participantes, pais de crianças de 4 a 12 anos de idade e adultos de 18 a 89 anos.
Mais de 60 por cento dos participantes tinham kits de teste de cetona na urina em casa e 18 por cento tinham monitores de cetona no sangue, descobriram pesquisadores. Mas cerca de um terço dos inquiridos não tinha quaisquer fornecimentos de teste de cetona em suas casas no momento da pesquisa.
Se o custo ou outros fatores são uma barreira para a obtenção de suprimentos, estes precisam ser identificados e corrigidos, disse Albanese-O’Neill.
Globalmente, 30 por cento dos participantes do estudo disseram que nunca verificaram as cetonas, e 20 por cento disseram que raramente verificam. Crianças jovens foram mais propensas a terem sido testadas para cetonas em comparação com adultos.
“Se eles estão incertos quando devem estar verificando os níveis de cetonas, ou não sabem como testar, eles devem pedir à sua equipe de cuidados de diabetes educação e treinamento adicionais. Esta é uma habilidade fundamental da auto-gestão de diabetes para pessoas com diabetes tipo 1”, disse Albanese-O’Neill.
Prestadores de cuidados e educadores em diabetes nunca devem assumir que seus pacientes com diabetes tipo 1 conhecem o protocolo adequado para a monitorização de cetona, acrescentou ela.
“Alguns podem ter sido diagnosticados antes do teste de cetona ser padrão de cuidados, outros nunca podem ter sido ensinados, e ainda outros podem ter ficado tão sobrecarregados com o diagnóstico que o conhecimento foi perdido”, disse Albanese-O’Neill.
A equipe de cuidados do diabetes tem a oportunidade durante as visitas de rotina de avaliar a compreensão dos pacientes sobre o monitoramento de cetona e fornecer educação e treinamento, conforme necessário, disse ela.
“Em algum lugar, uma em torno de 300 ou 400 crianças nos Estados Unidos desenvolve diabetes tipo 1”, disse o Dr. Michael Gottschalk, diretor associado do Centro de Pesquisa de Diabetes Pediátrica da Universidade da Califórnia, San Diego, que não estava envolvido no estudo .
Houve um aumento anual constante de 3% no número de casos na Europa e nos EUA durante a última década, se não mais, acrescentou.
Gottschalk acha que os pais são bons em verificar cetonas em seus filhos pequenos. “Mas quando chega à adolescência isso se torna uma questão apenas em termos de cumprimento, e parece que, obviamente, os adultos não são melhores ou piores do que os adolescentes”, disse ele.

FONTE:

http://www.tiabeth.com/index.php/2017/01/28/pacientes-com-diabetes-tipo-1-precisam-verificar-cetonas-mais-frequentemente-diz-estudo/

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

#MapadoDescasoDMBR: Objetivo1 - Prestação de contas mais clara dos programas de monitoramento glicêmico


Quando iniciei o Mapa do Descaso Diabetes Brasil, em novembro de 2015, acreditava que faltava algo que provasse ao governo que o mau tratamento às pessoas com diabetes não era pontual. O problema é crônico e vem piorando. Convivemos diariamente com a falta de insumos e insulinas que são direitos nossos, médicos desinformados, falta de informação. Ter uma doença crônica já não é fácil, ter que lutar diariamente para sobreviver dificulta mais ainda.

No início, a participação foi maciça, com o recolhimento de vários depoimentos. Mas o gás foi se desfazendo e o número não chegou ao objetivo mínimo para dar os primeiros passos em um processo de lutar por melhores políticas públicas para as pessoas com diabetes no Brasil.

Então, ano novo, pique novo. A situação hoje está muito pior do que em 2015. Vejo diariamente reclamações de pessoas que foram a postos de saúde e não conseguiram achar nada, que foram diagnosticadas de maneira incorreta e que não tem informações sobre os pontos importantes para o sucesso do tratamento.

E o mais relevante para esse reinicio é esclarecer de maneira melhor e mais efetiva quais são os objetivos do Mapa do Descaso. O que pretendemos, o que queremos e pelo que lutaremos usando os dados obtidos com o preenchimento do formulário.

O primeiro deles e o mais importante é:

#1: Exigência de prestação clara de contas, semestral ou anual, do processo de compras de insumos e medicamentos dos programas de automonitoramento glicêmico (AMGs)

Hoje em dia um cidadão comum consegue sim ter acesso aos dados de compras de medicamentos. Mas vocês já tentaram fazer isso? A Lei de Acesso à Informação existe sim! Mas você não encontra em um mesmo lugar quanto entrou de recurso para a compra de insumos e medicamentos advindos dos tributos municipais e de dinheiro encaminhado dos governos federal e estadual. Também não consegue ver de forma clara como foi o processo de compra destes produtos, quanto foi pago por cada insumo e ainda se há previsão e expectativa de aumento dos preços para as próximas compras e aumento médio do número de pacientes. E sem esses dados não conseguimos comprovar se falta ou sobra dinheiro no final disso tudo.

Qualquer pessoa que faça um orçamento pessoal simples tem esse tipo de coisa em uma planilha única sabendo quanto entra de dinheiro e quanto sai para cada coisa, com expectativa e realidade do valor final pago. E ainda quanto sobrou e para onde essa sobra será destinada. Por que não as prefeituras?

Sem esses dados fica fácil dar desculpas como "o fornecedor atrasou a entrega", "o contrato de compra emergencial está sendo feito", e por aí vai! E nós, em nossa ignorância e desconhecimento, acabamos aceitando que essas desculpas esfarrapadas sejam dadas. Não é assim que tem que funcionar. É obrigação dos governos prestarem contas e tem que acabar essa palhaçada de eles prestarem essas contas como querem dificultando o acesso e confundido o cidadão.

Eu quero saber cadê os meus insumos! Pra onde foi o dinheiro que eu paguei de impostos? Quem é o responsável por essa compra? Como é feita? Quanto é pago? Quais são as obrigações das empresas que prestam esse serviço? Há prazos para a entrega dos medicamentos? Há multa caso não entreguem e o paciente fique sem ter como se tratar? O que é feito com o dinheiro dessa multa?

E a melhor maneira de exigirmos essas respostas é mostrando que o problema não é pontual! Não é só em um ou outro posto! Todos estão ficando sem seus insumos, tendo que comprar do próprio bolso, sendo bitributados!

Então participe do Mapa do Descaso Diabetes Brasil! Não recebeu seus insumos? Faltou tira? Seringa? Insulina? Cateter? Qualquer coisa? Entra no formulário do Mapa e preencha com seus dados, contando a sua história.

Seu depoimento é muito importante para que possamos mapear onde o problema é mais grave! Para começarmos a agir. Não fique calado!


http://www.adiabeteseeu.com/2017/02/mapadodescasodmbr-objetivo1-prestacao.html?platform=hootsuite

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

TÉCNICA INADEQUADA DE APLICAÇÃO DE INSULINA PODE LEVAR À LIPO-HIPERTROFIA

O que é lipo-hipertrofia?
A lipo-hipertrofia é um acúmulo anormal de gordura sob a superfície da pele. É mais comumente observada em pessoas que recebem múltiplas injeções diárias de insulina, o que pode causar o aparecimento de “caroços” no subcutâneo, geralmente ocorrendo no abdómen ou nas coxas, dependendo de onde as aplicações de insulina ocorrem com maior frequência. Essas alterações apresentam tamanhos e volumes variáveis, desde nódulos de alguns milímetros até vários centímetros de diâmetro.
O aspecto mais importante dessa alteração é que ela pode interferir na eficácia da terapia insulínica, uma vez que quando a insulina é aplicada nessa massa de tecido gorduroso, pode apresentar um retardo significativo na absorção de insulina, levando o paciente a picos de hiperglicemia. Mais tarde, esse retardo pode levar a uma redução perigosamente baixa dos níveis sanguíneos de glicose, uma vez que a absorção de insulina e a consequente liberação para a corrente sanguínea fica prejudicada num primeiro momento após a injeção e, depois, toda a insulina é liberada mais rapidamente, levando à situação oposta de hipoglicemia. Em resumo, a presença de lipo-hipertrofia pode tornar o gerenciamento glicêmico do diabetes bastante mais difícil.
Outro aspecto importante é que metade das pessoas com diabetes tipo 1 (DM1) apresentam lipo-hipertrofia que se desenvolve dentro de dois anos após o início da terapia insulínica, provavelmente porque a má técnica de injeção é que leva a essa complicação do diabetes.
A figura 1 mostra as lesões de lipo-hipertrofia, ressaltando a variabilidade no tamanho dos nódulos gordurosos do tecido subcutâneo.
Figura 1 – Nódulos de lipo-hipertrofia
Prevenindo a lipo-hipertrofia
Em princípio, a principal causa da lipo-hipertrofia é a utilização do mesmo local para a aplicação de várias doses diárias de insulina. Entretanto, pode haver outros fatores contribuintes para essa alteração, dentre os quais um dos mais importantes fatores de risco está relacionado ao reuso da agulha por várias vezes, quando a recomendação correta seria a utilização de uma agulha nova para cada aplicação.
A rotatividade dos locais de injeção deve ser obedecida. É necessário evitar injeções no mesmo local durante pelo menos duas semanas. Quando injetando em local próximo ao local anterior, deixe uma distância de aproximadamente dois dedos entre uma injeção e outra. Também é importante salientar que a absorção de insulina ocorre em diferentes taxas, dependendo de onde ela é injetada: em geral, o abdome absorve a insulina injetada mais rapidamente, enquanto que as nádegas promovem uma taxa mais baixa de absorção da insulina.
Recomenda-se uma inspeção rotineira dos locais de injeção com o objetivo de se detectar sinais mais precoces de lipo-hipertrofia. Os nódulos podem ser suficientemente pequenos para serem detectados através da palpação cuidadosa da superfície cutânea nos locais de injeção. Com frequência, a área sob a qual exista um nódulo de lipo-hipertrofia se torna menos sensível ao tato, o que acaba tornando a injeção nesses locais um pouco menos dolorosa. Com isso, o paciente acaba selecionando esses locais específicos para aplicar a insulina, acelerando a progressão do tamanho do nódulo.
Como tratar a lipo-hipertrofia?
A boa notícia é que, no decorrer do tempo, os nódulos tornam-se progressivamente menores, sem necessidade de qualquer tratamento adicional, desde que a injeção nesses locais seja feita de acordo com as recomendações para a rotatividade dos locais de injeção. Nos casos mais graves de lipo-hipertrofia, a lipossucção é um processo que remove o nódulo gorduroso que existe sob a pele, mas ainda é um procedimento eficaz para a exclusão definitiva de nódulos grandes nos casos mais graves. A figura 2 mostra uma manifestação bastante pronunciada de lipo-hipertrofia.
Figura 2 – Um caso de manifestação bastante pronunciada de lipo-hipertrofia nas coxas.
Resumo das conclusões e recomendações
A lipo-hipertrofia é uma complicação bastante importante do diabetes, estando primariamente relacionada à aplicação de várias injeções diárias de insulina, principalmente no diabetes tipo 1, onde a frequência de aplicações é costumeiramente mais expressiva. Entretanto, ela também ocorre no diabetes tipo 2, embora com menor frequência. 
Outro grande fator de risco para a lipo-hipertrofia é o reuso abusivo da mesma agulha para a aplicação de várias injeções de insulina, quando a recomendação correta é a de se utilizar uma agulha nova para cada injeção.
Referência bibliográfica
Pietrangelo A. Lipohypertrophy: Pictures and Treatment Options. Healthline 2014. Publicado em 26 de agosto de 2014. Disponível em: http://www.healthline.com/health/diabetes/lipohypertrophy. Acesso em: 14 de abril de 2015.
Informações do Autor

Dr. Augusto Pimazoni Netto
Coordenador do Grupo de Educação e Controle do Diabetes do Hospital do Rim – Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP
E-mail: pimazoni@uol.com.br