quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Vigilância na adesão a mudanças de hábitos alimentares para prevenção do diabetes

As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) são um dos maiores problemas de saúde pública da atualidade. A alta prevalência das DCNT está relacionada a fatores de risco modificáveis como tabagismo, sedentarismo, alimentação inadequada e uso nocivo de álcool.
No Brasil, foram responsáveis, em 2012, por 74% do total de mortes, com destaque para as doenças do aparelho circulatório (30,4% dos óbitos), as neoplasias (16,4%), o diabetes (5,3%) e as doencas respiratórias (6,0%) (OMS,2014)
O Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil 2011 – 2022 visa preparar o país para enfrentar e deter, em dez anos ,estas doenças , pois constituem o problema de saúde de maior magnitude e atinge fortemente camadas pobres da população e grupos mais vulneráveis, como a população de baixa escolaridade e renda.
O consumo de alimentos doces, ao lado do consumo de refrigerantes, é responsável por parte substancial do consumo de açúcar adicionado no Brasil (Levy et al 2012).
O Vigitel compõe o sistema de Vigilância de Fatores de Risco de Doenças do Ministério da Saúde e monitora por inquérito telefônico a frequência e distribuição dos principais determinantes das DCNT.
O consumo de alimentos doces foi estimado pelo Vigitel a partir de questão que indagou sobre a frequência semanal do consumo de sorvetes, chocolates, bolos, biscoitos ou doces.
Em 2013, no conjunto das 27 cidades, a frequência do consumo de alimentos doces em cinco ou mais dias da semana foi de 19,5%, sendo maior entre mulheres (21,6%) do que entre homens (16,9%). Já em 2014 esta frequência caiu para 18,1%, sendo ainda maior entre mulheres (20,3%) do que entre homens (15,6%).
Em ambos os sexos, nos dois anos, a frequência é maior entre os mais jovens (18 a 24 anos) e tendeu a aumentar de acordo com o nível de escolaridade.
No conjunto das 27 cidades, a frequência do consumo de refrigerantes em cinco ou mais dias da semana foi de 23,3% em 2013 e 20,8% em 2014 sendo mais alta entre homens (26,7% em 2013 e 23,9% em 2014) do que entre mulheres (20,4% em 2013 e 18,2% em 2014). Essa condição foi observada em um terço dos indivíduos na faixa etária entre 18 e 24 anos.
Em 2013, no conjunto das 27 cidades, a frequência do diagnóstico médico prévio de diabetes foi de 6,9%, sendo de 6,5% entre homens e de 7,2% entre mulheres. Já em 2014 esta frequência subiu para 8,0%, sendo de 7,3% entre homens e de 8,7% entre mulheres. Em ambos os sexos, o diagnóstico da doença se tornou mais comum com o avanço da idade, em particular após os 45 anos. Aproximadamente um quarto dos indivíduos com 65 ou mais anos de idade referiram diagnóstico médico de diabetes (24,4%). Em ambos os sexos, a frequência de diabetes diminuiu intensamente com o nível de escolaridade dos entrevistados.
Apesar da possibilidade de subestimação na informação autorreferida, o VIGITEL  indicou um contingente de mais de 9 milhões de adultos brasileiros com diagnóstico de diabetes.
O objetivo do Plano de Enfrentamento de DCNT é promover o desenvolvimento e a implementação de políticas públicas efetivas, integradas, sustentáveis e baseadas em evidências para a prevenção e o controle das DCNT e seus fatores de risco e fortalecer os serviços de saúde voltados às doenças crônicas. Além disso, alguns dos fatores de risco conhecidos são potencialmente modificáveis, o que os tornam alvos importantes de políticas públicas com certo potencial de sucesso.
A vigilância da prevalência e características de adesão a fatores protetores e de risco já conhecidos constituem-se como o principal instrumento nessa tarefa, permitindo aferir as exposições atuais e as tendências futuras, possibilitando a análise e construção de cenários de riscos prospectivos.

Referências bobliográficas:
1. BRASIL. Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil 2011-2022. Disponível na internet via http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/leia-mais-o-ministerio/671-secretaria-svs/vigilancia-de-a-a-z/doencas-cronicas-nao-transmissiveis/14139-plano-de-acoes-estrategicas-para-o-enfrentamento-das-doencas-cronicas-nao-transmissiveis-dcnt-no-brasil-2011-2022. Em 21 de Agosto/2015.
2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Vigitel Brasil 2013: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2014.120p.: il. –(Série G. Estatística e Informação em Saúde)
3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção da Saúde. Vigitel Brasil 2014 : vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção da Saúde. – Brasília : Ministério da Saúde, 2015.152 p.: il.
4. LEVY, R. B. et al. Disponibilidade de açúcares de adição no Brasil: distribuição, fontes alimentares e tendência temporal. Rev. Bras. Epidemiol., [S.l.], v. 15, p. 3¬12, 2012.
5. WORLD Health Organization: Noncommunicable Diseases (NCD) Country Profiles, 2014.

FONTE: https://www.diabetes.org.br/publico/temas-atuais-sbd/1755-vigilancia-na-adesao-a-mudancas-de-habitos-alimentares-para-prevencao-do-diabetes

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Diabetes e Álcool: Beber ou não beber, eis a questão...

Mas será que nem mesmo na festa de final de ano? Nem na confraternização do trabalho? Estas perguntas acontecem comumente durante as consultas médicas de muitos pacientes diabéticos. Para esclarecer este dilema, e deixar você mais informado, é importante definirmos alguns conceitos... 

O que acontece no corpo quando bebemos?

Quando você bebe, o álcool sai do seu estômago rapidamente e ganha a corrente sanguínea, chegando ao fígado. Sabemos que o fígado metaboliza, isto é, consegue desativar, a quantidade de um drink a cada 2 horas em média. Dessa forma, se o consumo for maior que um drink no período de 2 horas, o excesso de álcool permanece na corrente sanguínea e causa seus efeitos, principalmente no cérebro: tontura, desinibição, diminuição da capacidade de raciocínio, euforia. No corpo, o excesso de álcool provoca aumento do ritmo dos batimentos cardíacos e da frequência da respiração, problemas de equilíbrio e movimento. E, é claro, se a quantidade de álcool na corrente sanguínea é muito alta, há risco de perda de consciência e parada respiratória, podendo levar até à morte.

O nosso fígado tem várias tarefas essenciais no nosso corpo. Uma delas é controlar os níveis de açúcar na corrente sanguínea. Isto acontece por um processo chamado glicogenólise, que é quando o fígado direciona suas reservas de açúcar para a corrente sanguínea em caso de queda destes níveis no sangue. Também é o fígado o responsável por fabricar glicose quando os níveis do sangue também estão baixos, processo este chamado de gliconeogênese.

Nos pacientes diabéticos que estão tomando medicações que aumentam a quantidade de insulina no sangue, ou mesmo naqueles diabéticos que aplicam insulina, ao beber álcool, o fígado fica muito ocupado desativando o álcool ingerido, e dessa forma não consegue regular a quantidade de açúcar no sangue de forma correta. O resultado é que as taxas de açúcar no sangue podem cair, levando ao risco de hipoglicemia. Além disso, um outro problema é que as bebidas alcoolicas são, geralmente, muito calóricas. E calorias a mais são iguais a ganho de peso.
Então, existe um limite para beber, se sou diabético?

A Sociedade Americana de Diabetes recomenda o consumo de no máximo 1 drink por dia para mulheres e 2 drinks por dia para homens. Mas claro, tudo de forma responsável. As orientações antes do consumo do álcool são:

1) Não beba de estômago vazio e não beba se suas taxas de glicose no sangue estão baixas. Geralmente o consumo de álcool está permitido em níveis de glicemia entre 100 e 140 mg/dL.
2) Beba lentamente e não ultrapasse a quantidade máxima por dia.
3) Enquanto estiver bebendo, sempre beba água junto, para manter sua hidratação.
4) Sintomas de hipoglicemia e intoxicação por álcool são muito similares. Por isso, é importante nunca ultrapassar a quantidade máxima de bebida.
5) E, é claro, nunca dirija depois de beber.

Para finalizar, a grande questão aqui é se você, sendo diabético, vai decidir beber ou não. Uma consulta com seu médico pode te ajudar a esclarecer esta dúvida. Mas, aqui vai um recado: mesmo liberado pelo seu médico, a responsabilidade e a moderação contam sempre em primeiro lugar, porque saúde é um bem muito preciso para ser desperdiçado, pense nisso!
Fonte: https://www.diabetes.org.br/publico/colunas/88-dra-andressa-heimbecher-soares/782-diabetes-e-alcool-beber-ou-nao-beber-eis-a-questao

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quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Nota de esclarecimento da Sociedade Brasileira de Diabetes à lista publicada pela Anvisa sobre o cancelamento dos registos de produtos de medição de glicose (glicosímetros)

A Sociedade Brasileira de Diabetes, em virtude de muitas dúvidas e inseguranças de profissionais de saúde e pacientes sobre os produtos cancelados, esclarece sobre o anúncio publicado pela Anvisa por meio do diário oficial.

Sobre a ISO 2013
A ISO (International Standardization Organization) é uma organização internacional não governamental independente, com a adesão de 162 órgãos nacionais de normatização. Esta organização reúne especialistas para compartilhar conhecimentos e desenvolver Normas Internacionais relevantes, voluntárias, baseadas no consenso e no mercado, que apoiem a inovação e forneçam soluções paras os desafios globais.
A ISO 15.197:2013 especifica requisitos para sistemas de monitoramento de glicose in vitro que medem as concentrações de glicose em amostras de sangue capilar,  para procedimentos de verificação em projetos específicos, seja ele científico, clinico ou para validação de desempenho no manuseio e resultados para o usuário/consumidor. Este sistema destinam-se à automedição por leigos para o controle da glicemia,  por isso, a ISO 15.197:2013 é uma avaliação que regulamenta de forma única e é aplicável aos fabricantes desses sistemas e a outras organizações (por exemplo, autoridades reguladoras e órgãos de avaliação  de conformidade) que tem a responsabilidade de avaliar o desempenho desses sistemas, garantido a segurança de resultados apresentados.  

TABELA ANVISA
RELAÇÃO PARCIAL DAS MARCAS DE GLICOSÍMETRO APROVADOS NO BRASIL (*)

ANO DE APROVAÇÃO
MARCA DO MONITOR
FABRICANTE
APROVADO ISO 2003
APROVADO ISO 2013
2001-2005
Accu-chek Active
Roche
Sim
Sim
2014-2017
Accu-chek Guide
Roche
Sim
Sim
2006-2013
Accu-chek Performa
Roche
Sim
Sim
2001-2005
On Touch Ultra
Johnson & Johnson
Sim
Sim
2014-2017
Free Style Fredom Lite
Abbott
Sim
Sim

*Os monitores que não aparecem na tabela acima podem não ter sido aprovados pela ISO 15.197:2013 ou porque não foram avaliados pela ANVISA.

Sobre a determinação da Anvisa
Desde maio de 2018, motivada por constante reclamação das associações que representam os interesses dos profissionais de saúde e dos pacientes,  a Agência Nacional de Vigilância Sanitária determinou através da Instrução Normativa Nº24 que todas as empresas detentoras de registros de comercialização de produtos para auto-medição de glicemia apresentassem relatórios de desempenho segundo a norma técnica ISO 15.197:2013. Estes relatórios deveriam ser entregues com o prazo de 180 dias após a publicação.
Sendo assim, cada empresa assumiu a responsabilidade de apresentar para a ANVISA a documentação necessária de comprovação dessa certificação para os produtos que mantém registro e comercialização.
Em 16 de novembro de 2018, a ANVISA publica a RESOLUÇÃO-RE 3.161, que após a conclusão do prazo da Instrução Normativa Nº24, determinou o cancelamento do registro e consequentemente a proibição de comercialização destes produtos, cabendo a cada empresa tomar seu posicionamento e planejamento para atender as demandas de seus usuários garantindo um produto que atenda a acurácia e qualidade exigida pela norma.
Os monitores que aparecerem na tabela da ANVISA podem não só ter sido aprovados pela ISO 15.197:2013. Outras possibilidades de não terem sido mostrados é que simplesmente a empresa não comercializa mais o produto ou o produto não foi avaliado de acordo com esta norma.
Segundo a ANVISA, ainda existem alguns Sistemas em fase de análise da documentação, portanto, a Agência Nacional pode vir a publicar outras Resoluções com cancelamento de registros caso a análise seja negativa.
A Sociedade Brasileira de Diabetes reforça que esta iniciativa é de grande importância para resguardar a segurança das pessoas com diabetes no Brasil, e que se mantém ativa para que produtos que não apresentem a qualidade exigida em nível global, seguindo a atualização constante das normas vigentes, não sejam mais comercializados dentro do país.

Referências bibliográficas:
1-) ANVISA - Instrução Normativa nº24, de Maio de 2018
2-) ANVISA – Resolução Nº 3161, de 16 de Novembro de 2018
(*) King F. et al. A review of blood glucose monitor accuracy.
Diabetes Technol Ther 2018; 20(12)


FONTE:https://www.diabetes.org.br/publico/palavra-da-presidente/1750-nota-de-esclarecimento-da-sociedade-brasileira-de-diabetes-a-lista-publicada-pela-anvisa-sobre-o-cancelamento-dos-registos-de-produtos-de-medicao-de-glicose-glicosimetros