terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

O alto custo do pé diabético no Brasil.

O alto custo do pé diabético no Brasil
O estudo “Annual Direct Medical Costs of Diabetic Foot Disease in Brazil: A Cost of Illness Study”publicado recentemente na revista International Journal of Environmental Research and Public Health, faz parte de um grande projeto do Ministério da Saúde para estimativas dos custos do diabetes e das doenças crônicas no Brasil. Foi realizado por pesquisadores da Universidade de Goiás, Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Universidade Federal do Rio Grande do Sul entre 2014 e 2017.
Entre as várias complicações crônicas que estão associadas com diabetes mellitus, o “pé diabético” é altamente frequente, estando associado com elevada morbidade, mortalidade e custos significativos para os pacientes, suas famílias e a sociedade.
Estima-se que nos países em desenvolvimento, 25% dos pacientes com diabetes desenvolverão pelo menos uma úlcera do pé durante a vida. Contudo, ainda faltam evidências sobre a epidemiologia e custos do “pé diabético” no Brasil e no mundo. Os custos da saúde são cinco vezes maiores em indivíduos com diabetes e úlceras no pé quando comparados com a ausência de úlceras. Esses custos estão principalmente relacionados às hospitalizações, mas também com o tratamento e acompanhamento de pacientes ambulatoriais.
O objetivo deste estudo foi estimar os custos médicos diretos do “pé diabético” na perspectiva do sistema público de saúde brasileiro (SUS), em 2014. Um modelo de árvore de decisão foi construído para descrever várias síndromes clínicas hipotéticas relacionadas ao “pé diabético”: pé neuroisquêmico, úlcera ativa do pé (com/sem infecção), osteomielite com/sem amputação, e tratamento clínico pós-amputação. Os parâmetros e fontes do modelo epidemiológico para o caso base e análises de sensibilidade foram obtidos na literatura nacional e estimativas populacionais (IBGE). Utilizou-se a metodologia do micro-custeio a partir de um painel de 12 especialistas que estimaram a utilização de recursos de saúde para cada caso clínico (visitas profissionais de saúde; exames de imagem e laboratório; medicamentos; procedimentos e terapias não farmacológicas; desbridamento e curativos, sapatos ortopédicos e muletas). Para estimativa dos custos hospitalares utilizou-se a metodologia do macro-custeio, ou seja, os valores reembolsados pelo SUS para pacientes hospitalizados a partir do Sistema Nacional de Informações sobre Hospitalização.
(SIH-SUS). Foram consideradas as principais doenças relacionadas através dos CID10 registrados como causa de internação, categorizando-as em dois grupos: (1) diagnóstico principal de diabetes com um procedimento médico relacionado ao “pé diabético” (tratamento de ulceras infectadas, revisão de coto cirúrgico, amputação); e (2) diagnóstico principal de qualquer uma das seguintes condições médicas relacionadas ao “pé diabético”: neuropatias, úlceras, gangrena, osteomielite e amputações.
Assumindo uma prevalência de 6,4%, teríamos 9,2 milhões de adultos com diabetes no Brasil, cerca de 829.724 de indivíduos com pé neuro-isquêmico, dos quais 43.726 com úlceras no pé. Estimamos que a maioria desses pacientes seria tratada como pacientes ambulatoriais (n = 42.983), e destes, metade deles teria uma úlcera infectada (n = 21.492). O número estimado de indivíduos amputados seria de 11.284.
O custo médio anual estimado para o tratamento ambulatorial de um indivíduo com “pé diabético” foi de R$ 600,44 (DP R$ 183) para o pé neuro-isquêmico sem úlcera, R$ 712,95 (DP R$ 501) para úlcera não infectada, R$ 2.824,89 (DP R$ 2.061) para úlcera de pé infectada e R$ 1.047,85 (DP R$ 497) para acompanhamento clínico de pacientes amputados. Os custos médicos anuais totais estimados para todo o Brasil no caso base foram de R$ 586,1 milhões, variando de R$ 188,5 milhões para R$ 1,27 bilhões em análises de sensibilidade. A maior parte dos custos (85%) foi para o tratamento de pacientes com pé neuroisquêmico com úlcera (R$ 498,4 milhões).
Em 2014, um total de 22.244 pacientes com diagnóstico de diabetes mellitus com procedimentos relacionados ao pé diabético foram hospitalizados. Como esperado, o custo médio mais alto por paciente foi observado para pacientes com diabetes em que foi realizada amputação / desarticulação do membro inferior. O custo total estimado para tods estas condições foi de R$ 17,27 milhões. As hospitalizações devido a outros diagnósticos de complicações relacionadas ao pé diabético totalizaram 28.133, principalmente gangrena em indivíduos com diabetes (n = 15.419). Considerando todas as hospitalizações juntas, os custos para todo o país atingiram R$ 48,4 milhões em 2014.
Essas estimativas foram consideradas conservadoras já que apenas os médicos diretos foram incluídos. Os custos não médicos, perda de produtividade, custos com órteses e próteses, custos de assistência domiciliar e serviços sociais para pacientes que sofreram amputação nas extremidades inferiores, não foram incluídos neste estudo. Assim sendo, o impacto econômico geral do “pé diabético” seria ainda mais significativo no Brasil.
Fonte:http://www.diabetes.org.br/publico/ultimas/1609-o-alto-custo-do-pe-diabetico-no-brasil

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Diabético pode doar sangue?

Posso doar sangue se eu tenho diabetes?
Doar sangue é um imenso gesto solidário. Doações de sangue ajudam as pessoas que precisam de transfusões para muitos tipos de condições médicas, e você pode decidir doar sangue por uma variedade de razões. O sangue doado por você, pode ajudar até três pessoas. Embora você possa doar sangue se você tiver diabetes, existem alguns requisitos que você precisará conhecer.
Se eu tenho diabetes, é seguro doar sangue?
Nem toda pessoa com diagnóstico de diabetes mellitus pode doar. A OMS (Organização Mundial de Saúde) fornece diretrizes para selecionar doadores de sangues com diabetes.
Você deve ter primeiramente o controle sobre a doença e estar com o devido acompanhamento médico. Neste caso, o recomendado é conversar com o seu médico antes de realizar a doação.
Resultado de imagem para diabetes e doação de sangue
Quando falo controle, significa que você mantém seus níveis saudáveis de açúcar no sangue. Realiza uma alimentação adequada e faz exercícios físicos regulares.
Pacientes com diabetes tipo 1 e pacientes com diabetes tipo 2, que fazem uso de insulina ou outras terapias injetáveis não podem ser doadores de sangue. Durante a entrevista de triagem não existe a possibilidade de garantir que as técnicas de injeção sejam apropriadas. Isso acaba gerando dúvidas com relação a infecções, especialmente hepatites virais.
Portanto, conforme orientação da OMS, as recomendações para pessoas com diabetes doarem sangue são:
  • Indivíduos com diabetes mellitus bem controlados através de dieta ou medicação oral, que não possuem histórico de pressão alta, nem evidência de infecção ativa, neuropatia ou doença vascular, em especial feridas nos pés.
Não podem doar sangue:
  • Pacientes que fazem uso de insulina ou com complicações oriundas do diabetes.

Referências:
https://www.healthline.com/health/diabetes/can-diabetics-donate-blood
http://www.diabetes.org.br/publico/diabetes-em-debate/1566-sou-diabetico-posso-doar-sangue
Fonte: https://eueabete.com.br/diabetico-pode-doar-sangue/
Foto fonte:https://www.somaisumadm1.com.br/single-post/2017/09/20/Diabetes-e-doa%C3%A7%C3%A3o-de-sangue


sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Carnaval: vestindo a fantasia do bom senso

O carnaval é a maior festa popular do Brasil. E, participando ou não da folia, aproveitamos para sair da rotina, afinal é feriado. Isso pode incluir viagens, alimentação e bebidas em excesso, desgaste físico e, ainda, dormir de menos ou demais. Tudo isso, não só adultos ou adolescentes fazem, mas as crianças também embarcam no bloco dos excessos.
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Para quem vai viajar é preciso certa organização. Calcular a quantidade necessária de medicamentos e insumos, de acordo com os dias que você estará fora, é fundamental. Eu sempre carrego mais do que o necessário, e faço um listinha para verificar se estou pegando tudo o que é preciso. Incluo uns três dias a mais de insumos nos meus cálculos. É preciso contar com imprevistos. Também, não esqueça que, se você está fora da sua rotina, pode ter que medir mais vezes a glicemia, por isso é prudente levar insumos a mais. Principalmente se você vai para locais mais afastados dos grandes centros. Assim, tudo fica mais tranquilo, e você se estressa menos.
Já quem vai pular ou desfilar no carnavalo cuidado aumenta um pouco. Alimentar-se saudavelmente, e a cada três horas é fundamental. Também medir a glicemia mais vezes, é importante. Assim você, seus familiares e amigos ficam mais tranquilos. Às vezes precisamos de ajuda e ação rápida em caso de hipoglicemia, por isso ter consigo uma carteirinha de identificação também é importante. No caso da alimentação, se não for possível comer nos horários de costume, carregue com você um alimento (barra de cereal é minha preferida), e também algo que possa corrigir uma eventual hipoglicemia (como a glicose líquida ou em pastilhas). E claro, para os diabéticos tipo 1, é muito importante carregar consigo o medidor de glicose. Sempre!!
Procure descansar e hidratar-se bem. Se for tomar bebida alcoólica não esqueça de ter prudência e moderação. No caso das crianças, incluímos aí piscina e praia, que podem exigir menos insulina, mas maior número de medições da glicemia. Por outro lado, temos os exageros ou descuidos na alimentação, que fora da rotina se justificam um pouco. Sorvetes, picolés, lanches na casa de amigos, restaurantes. Enfim, os feriados também incluem gulodices. Se tudo for medido e corrigido, não há problema.
Relendo meu texto me dei conta de uma coisa: tirando os insumos, as medições de glicemia e cuidado com a medicação na hora certa, todos esses conselhos podem ser dados para qualquer pessoa. Um bom carnaval começa e termina com muita música e empolgação, mas também com escolhas responsáveis. Se você é diabético tipo 1 ou tipo 2, recém-diagnosticado, ou já de longa data, não importa. Para aproveitar bem o carnaval o melhor é usar a fantasia do bom senso!!
fonte: http://www.diabetesevoce.com.br/blog/carnaval-vestindo-a-fantasia-do-bom-senso/

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

30 anos de SUS: reflexões essenciais

30 anos de SUS: reflexões essenciais

A Constituição Federal de 1988 consagrou a saúde como “direito de todos e dever do Estado, garantida mediante políticas sociais e econômicas que visam à redução do risco de doença e de outros agravos e possibilitando o acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação”.
Foi a partir deste marco histórico que ocorreu a instituição formal do Sistema Único de Saúde, o SUS. No Capítulo II, artigo 198 de nossa Carta Magna, estabeleceu-se que as ações e os serviços públicos de saúde integrariam uma rede regionalizada, hierarquizada, organizada de acordo com as seguintes diretrizes: descentralização, atendimento integral e participação da comunidade.
Trinta anos passados, a criação do SUS ainda é vista, em praticamente todo o mundo, como uma das propostas mais avançadas em termos de inclusão social e universalização da assistência. De fato, o Sistema Único de Saúde made in Brasil é mesmo, teoricamente, o sonho de qualquer nação do Planeta, das mais carentes às potencias.
Isto posto, é essencial refletir sobre o abismo que ainda separa o SUS do papel do SUS da vida real. Hoje, como há 30 anos, quem necessita da saúde pública sofre com a dificuldade de acesso, as filas sem fim para marcar uma consulta ou uma cirurgia, a carência de leitos, falta de medicamentos, unidades de saúde sucateadas, entre outras mazelas.
São muitas as explicações para o Sistema Único de Saúde viver permanentemente à beira do caos. Todos os agentes do setor concordam que o subfinanciamento é uma das principais. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a proporção destinada em alguns países à saúde chega a ser três vezes o índice brasileiro. Nos Estados Unidos, 21,3% representa do orçamento nacional, contra 22% na Suíça, 23% na Nova Zelândia e 20% no Japão. Entre nações em desenvolvimento, o índice também é elevado. No Uruguai, 20%, contra 23% na Costa Rica ou 24% na Nicarágua.
Aqui a taxa estava em 6,8% em 2014, último ano disponibilizado OMS. É menor do que a média da África, com 9,9% dos orçamentos nacionais para a saúde. Nas Américas, chega a 13,6%, contra 13,2% na Europa.
Junto à falta de prioridade por parte do Estado, padecemos com a incompetência de boa parte de gestores e com a corrupção. Estima-se que a ineficiência e a burocracia redundem em perdas da ordem de 30% a 35%. Somados os desvios e os malfeitos, o Brasil vê vazar 50% das verbas que seriam para a saúde dos cidadãos.
Até a iniciativa privada joga contra, e sem disfarçar. No campo suplementar, existem sugestões que visam somente enriquecer as empresas de seguros e as operadoras, mesmo que, para tanto, seja necessário desmantelar o SUS.
Agora mesmo, tramita no Congresso Nacional propositura de criação de planos de saúde de cobertura limitada, ironicamente batizados de “populares”.  Significa retrocesso à Lei 9656/98, que garante aos pacientes e consumidores assistência integral na saúde suplementar, ferindo os direitos dos cidadãos e a boa prática da medicina.
Estes planos são extremamente nocivos, pois, além da redução da cobertura com a criação de um novo e limitado rol, preveem a liberação de reajustes para os planos individuais e o aumento dos prazos para agendamento de consultas e para o acesso a procedimentos.
Também contemplam a exclusão de tratamento de alta complexidade, de procedimentos como quimioterapia, urgências e emergências e hospital dia. Em outras palavras, só suprirão o atendimento ambulatorial, enquanto todos os procedimentos mais caros usados pelos usuários terão de ser cacifados pelo SUS.
Todos estes disparates fazem do aniversário de 30 anos do Sistema de Saúde uma espécie de Dia D. Ou nos mobilizamos para defender esse patrimônio de todos nós ou perderemos a guerra para inimigos visíveis e invisíveis.
É hora de resistir.
Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica
Fonte:http://www.blogueirosdasaude.org.br/30-anos-de-sus-reflexoes-essenciais/