sábado, 3 de março de 2018

Como complicar uma situação já delicada (Diabetes % Tabagismo).

Tabagismo e Diabetes: como complicar uma situação já delicada
- Qual a influência do tabagismo na saúde das pessoas?
As principais consequências do tabagismo para a saúde das pessoas já são conhecidas desde há muito, incluindo desde a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) até o câncer de pulmão, entre outras complicações cardiovasculares importantes, como o infarto do miocárdio.
- Quais são as consequências diretas e indiretas que o tabagismo acarreta em pessoas com diabetes?
São várias as consequências do tabagismo como pode ser constatado pelas ilustrações de advertência estampadas nos maços de cigarro. Por sua vez, as pessoas com diabetes mal controlado estão mais sujeitas a complicações cardiovasculares, renais e oculares. As principais complicações do tabagismo também principalmente do comprometimento progressivo do sistema cardiovascular. Portanto, no caso de fumante e portador de diabetes, existe um conjunto de fatores adversos atuando sobre os mesmos órgãos alvo.
- Comente sobre o estudo realizado nos Estados Unidos que gerou o relatório especial do Centers for Disease Control and Prevention.
Avaliando uma população de 3,9 milhões de indivíduos, esse estudo dividiu os participantes em 3 categorias distintas, sendo que em nenhuma delas havia pacientes com diabetes já diagnosticados no início do estudo. Em comparação com os que nunca fumaram, o risco relativo de desenvolver diabetes foi 14% maior em ex-fumantes, 25% maior em fumantes leves (0-15 cigrarros/dia) e 54% maior em fumantes pesados (>15 cigarros/dia)
- Existem alguns números que são interessantes para inserir neste artigo para explicar como o tabagismo influencia o aumento de diabetes?
Alguns estudos avaliaram os possíveis mecanismos envolvidos nesse aumento do risco de complicações em diabéticos fumantes. Entre eles, destacam-se os seguintes fatores: a promoção da obesidade central, as concentrações mais altas de cortisol nos fumantes, e o aumento de marcadores inflamatórios e do estresse oxidativo em fumantes. Além disso, a nicotina parece se ligar a receptores nicotínicos das células beta do pâncreas, produtoras de insulina e, assim, reduzir diretamente a secreção de insulina.
- Tanto o paciente tipo 1 como o tipo 2 têm as mesmas consequências?
O estudo não avaliou se haveria diferenças de complicações entre os portadores de diabetes tipo 1 ou tipo 2. Mas provavelmente as consequências sejam as mesmas.
- Quais são os benefícios a curto e médio prazos que a pessoa tem ao parar de fumar?
Os estudos mostram que são necessários cerca de 12 anos após a interrupção do tabagismo para que o risco relativo da ocorrência dessas complicações possam ser detectados em ex-fumantes.
- Quais são as dicas para a pessoa parar de fumar?
A nicotina é uma das drogas mais difíceis de abandonar depois que o indivíduo já se viciou na tabagismo. Em geral, ocorrem várias tentativas de parar de fumar, mas os resultados não são muito animadores. No meu caso, depois de 30 anos de tabagismo e 2 internações por pneumonias sérias, senti-me obrigado a parar “no estalo”. Consegui esse feito sem maiores dificuldades e sem nenhuma manifestação de abstinência nesses últimos 20 anos depois que abandonei o cigarro.
- Há alguma mudança no controle da glicemia ao parar de fumar?
Creio que ainda não haja nenhum estudo avaliando o impacto do tabagismo especificamente sobre o controle glicêmico. Os estudos já realizados estavam focados no objetivo de avaliar o impacto do tabagismo sobre as diversas complicações do diabetes.
FONTE: http://www.diabetes.org.br/publico/diabetes-em-debate/1611-tabagismo-e-diabetes-como-complicar-uma-situacao-ja-delicada
Dr. Augusto Pimazoni-Netto
  • Coordenador do Grupo de Educação e Controle do Diabetes do Hospital do Rim e Hipertensão da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP
  • E-mail: pimazoni@uol.com.br

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